Nasci em 23 de março de 87, em uma família onde meu pai era “bicheiro” (fazia o “jogo do bicho”) e minha mãe não trabalhava. Tenho uma irmã 1 ano e 10 meses mais velha. Na minha infância, sempre tive uma boa condição de vida, já que o trabalho do meu pai nos propiciava isso. O jogo do bicho na época dava muito dinheiro, porém era uma atividade ilegal, chamada de contravenção pela lei, e não crime.
Estudei nas melhores escolas, sempre tirei boas notas, nunca fiquei de recuperação, mas tinha um péssimo comportamento dentro da escola. Sempre era colocado para fora de sala e meus pais de vez em quando eram chamados a comparecer à escola devido a isso. Entretanto, em casa era um bom filho, educado, e não dava muito trabalho a família.
Nessa época, começava o agir de Deus em minha vida. Com aproximadamente 7 anos de idade, subi em um aspirador de pó de mais ou menos 80 centímetros de altura que pelo fato de ter rodinhas, andou. Contando com minha altura, com o susto, não tive tempo de colocar as mãos para me proteger e bati a cabeça diretamente no chão de uma altura de mais ou menos 2 metros. Por milagre de Deus, fiquei internado no hospital 2 dias em observação e tive alta por não ter sofrido nada grave. Minha mãe tentou de várias formas dar jeito no meu comportamento. Certa vez, me levou a um centro espírita, e falei com um demônio conhecido como “preto velho”. Lembro que tive muito medo, mas como era muito novo, não tinha como reclamar. Lembro também que no final dessa conversa, minha mãe foi indicada a comprar várias coisas pra fazer comigo, mas como era caro, não comprou e desistiu da idéia. Ainda bem! Chegamos a ir à centros espíritas daqueles que todos usam roupas brancas, e até em rezadeira fui levado algumas vezes. Nós mal sabíamos que só uma pessoa poderia dar jeito: Jesus Cristo!
Até, aproximadamente, meus 11 anos de idade, meu pai ainda era “bicheiro”, brigava muito com minha mãe, quebrava as coisas dentro de casa, pois além de beber e fumar muito, era usuário de drogas. Paralelamente, eu era educado por ambos da melhor maneira possível. Lembro que meu pai sempre falava “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Em uma das discussões dos dois, minha mãe decidiu dar fim ao casamento, pois a situação já não era mais suportável. Nesta época, ainda tinhamos um padrão alto de vida, pois morávamos em uma cobertura duplex atrás do Friburgo Shopping, mas de aluguel. Passamos alguns dias na casa dos meus avôs maternos, até que conseguimos uma casa para morar. Foi aí que Deus começava a agir em nossa família. Meu pai participou do “Encontro com Deus” de uma outra igreja da cidade e a partir daí, abriu mão da bebida, das drogas, do jogo do bicho. O cigarro meses depois abandonou também. Logo em seguida minha mãe fez o mesmo encontro e acabaram por reatar o casamento.
Comecei a frequentar a igreja, mas não gostava muito. Às vezes, até me emocionava, mas ia mais por que eles “me obrigavam” ou faziam chantagem para que eu fosse. Demorei anos para aceitar a Jesus, mas ainda sim, não consegui fazer amigos nem me envolver com a igreja nem com Deus. Até os 15 anos, aproximadamente, nunca tinha saído, não ia a festas a não ser as de aniversários de amigos do colégio, pois meus pais não deixavam.
A partir daí começou minha revolta. Comecei a sair à noite, sem o consentimento dos meus pais, e experimentei a bebida alcoólica com mais ou menos 15 anos. Nesta época, aconteciam matinês todos os domingos em uma casa noturna de Friburgo. Antes de ir para as festas, meus pais já sem ter muito que fazer, aceitavam que eu fosse se eu fosse à igreja antes. Foi aí que visitei a Comunidade Cristã pela primeira vez, ainda no “chalezinho”.
Depois de ir ao primeiro culto às 17 horas, ia para bares beber cachaça depois ir para a matinê. Comecei bebendo 1 dose, fui pra 2, 3, até que certa vez dividi com um amigo um litro inteiro de cachaça. Neste dia, ele passou mal e saiu carregado até em casa. Eu, depois de perceber que havia perdido meu celular, sai da festa e fui encontrado pelos meus pais, em uma rua próxima com outro amigo, ambos passando muito mal.
Continuei a beber mais e viajar com amigos para Rio das Ostras onde ficavamos em um apartamento só com jovens da mesma idade e rolava de tudo. Bebiamos até cair e no outro dia, não lembravamos de nada. Neste período, às vezes frequentava a igreja dos meus pais, mais ainda sem comprometimento algum. Nestas festas no apartamento, chegavam a ter mais de 20 pessoas, entre meninos e meninas. Ficamos conhecidos na cidade e muito “populares” pelas festas.
No final de 2004, com 17 anos, após sair de uma formatura em uma casa de festas, me envolvi em uma discussão com um rapaz que por ser menor que eu, me deu segurança para discutir. Quando ele veio me agredir, mais de 10 rapazes que estavam com ele vieram, e eu corri, mas bêbado, tropecei e cai. Neste momento, fui linchado no meio do asfalto por mais de 10 rapazes, que nem sabia direito por que me batiam. Me chutaram, pisaram na minha cabeça, e eu já desmaiado, não podia nem me defender. Fui levado ao hospital e passei a noite lá. Por um milagre, não fraturei nada nem os ferimentos tiveram que receber pontos, apesar do meu rosto ter ficado desfigurado.
Ainda com 17 anos, em um churrasco da turma da escola, comecei a preparar “drinks” para os outros, mas eu bebi parte deles. Quando dei por mim, estava jogado dentro do banheiro, pendurado no vaso sanitário. Minha mente correspondia mas meu corpo não respondia aos meus comandos. É uma sensação horrível não ter forças para se mexer. Neste dia, minha mãe foi tocada por Deus que algo estava acontecendo, conseguiu me encontrar e me levar ao hospital para ser medicado.
Em 2006, com 18 anos, lancei um site de fotos, o “tamuai.com”, e comecei a frequentar festas na cidade sem pagar entrada e, muitas vezes, bebendo de graça. Com o sucesso do site, organizei com amigos minha primeira festa como DJ, que era um sonho desde a infância. A partir daí, comecei a tocar em festas, me apresentando em quase todas as casas noturnas da cidade e até no Country Clube, além de festas em outras cidades próximas. Nestas festas, cada vez mais envolvido com a bebida e valores invertidos pelo “mundo”.
Cheguei a experimentar algumas vezes cigarro e até maconha, porém, graças a Deus não consegui gostar e me envolver. Certa vez, cheguei a experimentar um ácido chamado “LSD” que é muito usado em “raves” e que deixam as pessoas “ligadas” por dias. Nesse dia que usei o ácido, como em alguns outros, eu tinha a noção de que estava alterado e lembrava de Deus e até tinha vontade de falar dEle para as pessoas. Certamente, Ele estava olhando por mim, mas eu me limitava a ter intimidade com Ele. Ainda em 2006, completamente embreagado, após sair de churrasco, bati de frente em um poste no cônego, mas novamente pela mão de Deus, nada sofri, apesar de ter dado quase perda total no carro.
Vivia na noitada, em festas e por algumas vezes, acordava já pela manhã, dormindo dentro do carro, sem saber como tinha chegado naquele local, devido ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Novamente a mão de Deus.
Um grande vazio.Lembro como se fosse ontem, a sensação que tinha ao acordar no dia seguinte, e até mesmo no mesmo dia das festas, ao deitar a cabeça no travesseiro. Curtos momentos de falsa “felicidade”, era o que eu sempre sentia e até percebia viver, mas não era pelas minhas forças que poderia virar “o jogo”.
Comecei a frequentar a Comunidade Cristã em 2008, mas sem me firmar. Comecei a ir a célula do Aldrin, mas apesar de me sentir bem lá, ainda estava “meio cá, meio lá”. Em janeiro de 2009 tive uma decepção com uma namorada que novamente me abalou. Uma semana depois, após sair de uma festa, me envolvi em um acidente em uma barraca de cachorro quente, atropelando algumas pessoas que estavam lanchando no local. Fui detido, e pela mão de Deus, ninguém se feriu. Fui conduzido ao teste psicológico para ver se estava alcoolizado, mas o teste deu negativo. Naquele momento, em prantos, ouvia o cd do Irmão Lázaro que tinha no meu celular. Decidi então mudar de vida. Na segunda feira, eu que estava na dúvida se ia pro carnaval no estado do Espírito Santo ou se ia para o Acampamento da igreja em São Paulo, levantei minha mão durante um culto dizendo que ia por fé, já que não tinha mais vagas. Na terça-feira, Aldrin me ligou dizendo que havia uma vaga para mim, e na outra semana, eu estava viajando para o evento que mudaria a minha vida.
Lembro que na primeira reunião, à noite, um grande mover tomava conta dos jovens, mas eu nada sentia. Foi aí que falei com Deus: “Senhor, onde tu estas?” e na mesma hora ouvi dEle: “Estou aqui!”. Naqueles dias, Deus foi tratando minha vida, e eu, decidi nunca mais voltar à vida que tinha. Lembro que oramos na última reunião pelas pessoas que gostaríamos de ver na presença do Senhor, e eu orei pela minha irmã, que por motivos de brigas, não nos falavamos há alguns anos, apesar de morar na mesma casa.
Voltei para Friburgo e sentia uma nova vida. Novos amigos, que me passavam confiança e acima de tudo, transmitiam o amor de Deus a mim. Lembro que em menos de um mês após o acampamento, fiz um churrasco de aniversário em minha casa que contou com mais de 60 pessoas da igreja. Era muito amor pra um pecador!
Abri mão de mulheres, apesar de ter ofertas fáceis que nunca haviam aparecido antes, pois estava convicto: Deus teria o melhor pra mim. Participei do “Encontro com Deus” do Geração Sem Limites e foi realmente um encontro inesquecível. Além disso, acreditava que precisaria me batizar primeiro para depois pensar em namorar. Comecei a me interessar pela Bárbara Herdy, por volta do mês de abril ou maio, ainda nesse ano. Batizei-me no dia 16 de agosto de 2009 e em outubro, começamos a namorar. Submeti-me as minhas lideranças e vejo como isso foi bom para mim.
Lembra que falei que não falava com minha irmã há anos e que tinha orado por ela no acampamento de 2009? Então... Certo dia, quando voltei do Encontro, fui até o quarto dela e conversei com ela sobre o que Deus tinha feito na minha vida e pedi perdão por tudo que tinha feito a ela. A partir daí, Deus começava a agir na vida dela também. Há alguns meses, está firme na igreja e na célula da Jaqueline, esposa do Aldrin. Tem sido uma grande benção. Não apenas tem ido como tem levado o namorado e as amigas. Já fez o encontro e está se preparando para ser batizada nas águas.
Ainda tenho muito que ser mudado, mas tenho buscado mudar a cada dia e cumprir os propósitos que Deus tem para mim. Ele tem sido muito fiel e tem me abençoado em todas as áreas da minha vida. Escrever esse testemunho muito me emociona, pois me faz lembrar o quanto andei próximo da morte e o quanto Deus cuidou de mim e me resgatou.
Um louvor que muito me marcou foi “Te amo Tanto” do irmão Lázaro que diz “Por que me resgatou? Por que me trouxe aqui? Por que me queres Deus tanto assim? Se contra o céu pequei, e contra ti também. Minha vida eu destruí, como errei... Por que me queres tanto assim?”
Hoje minha vida é entregue completamente a Deus e tenho sempre orado para que se for pra voltar à miséria que vivia, prefiro antes a morte.
Se você se identifica com minha história, e quer a mesma mudança, não hesite, aceite a Jesus como seu único Senhor e Salvador.
“Entregue seu caminho ao Senhor, Confie nEle, porque o mais, ele o fará”.
Sl 37:5
Deus te abençoe,
Felipe Torres.
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